Gênero, uma construção social?
Nunca houve uma construção social relacionada aos papéis de homem e de mulher – o que houve foi a aceitação multissecular, por parte da maioria das pessoas, desde que entendemos algo da história humana, da seguinte evidência: menina é menina, menino é menino, cada qual com suas características e arquétipos distintos e, mais do que isto, opostos complementares. Além de o gênero não ser algo construído, ele está na natureza das coisas. Isto se dá desde o período gestacional, por volta do segundo mês, quando nos encontramos no ventre de uma mulher, a mãe.
A natureza das coisas é percebida também no plano biológico, ou seja: no âmbito cromossômico, existe diferença entre XX e XY. Digamos isso com outras palavras: na perspectiva física, o gênero não é algo construído, mas percebido como evidente – e desde Aristóteles sabemos que a evidência é uma propriedade da verdade. Dizemos que algo é evidente quando o captamos como verdadeiro. É próprio da verdade ser evidente, e há vários graus de evidência. Noutras palavras, aquilo que está no plano físico se apresenta à consciência humana como evidentíssimo. Neste contexto, quando se diz “propriedade”, a referência é a uma pré-categoria aristotélica: o “proprium”, algo que se dá numa classe de entes com exclusão de todas as demais.
Jamais houve civilização que pusesse em dúvida esta evidência absoluta: homem é homem e mulher é mulher. Não confundamos isto com sexualidade; estamos falando de algo anterior à sexualidade e pré-definidor ontológico da sexualidade, em seu amplo escopo. Em breves termos, a sexualidade não é alheia aos corpos masculino e feminino, com suas potências específicas, por mais que as pessoas deem asas à imaginação. Podemos afirmar que a sexualidade se dá a partir dum horizonte possibilitante: o corpo. Abstrair este é conceber o ser humano como uma realidade fragmentada em partes não comunicáveis entre si.
Desde que sabemos algo do comportamento humano, quer seja pela literatura, quer seja pela ciência, a sexualidade sempre se abriu a vários meandros. Ocorre que a ideologia de gênero perverte a natureza humana ao fazer uma separação infactível entre sexo e gênero, e considerar o gênero uma questão de identificação pessoal, algo relacionado ao Eu psíquico. Mas caberia a esses ideólogos apresentar uma demonstração cabal de que o gênero é construído, o que nenhum deles fez até hoje. Portanto, até prova em contrário, o gênero não é construído; ele é uma evidência desde sempre percebida pela consciência humana.
Podemos até recriar, refazer nosso caminho de vida, mas não podemos recriar os pés com os quais percorremos o caminho. Quem percorre o caminho é um ser individual pertencente a um gênero, o qual exerce a sua liberdade já tendo este horizonte ontológico que abre para a sua vida um sem número de possibilidades.
Dizer que o gênero nada tem a ver com o corpo não está entre essas possibilidades.
De extrema importância que esses temas abordados,e explicado muito claramente fossem lidos por uma grande maioria!!!!
Obrigada pelo carinho, Patrícia!